Interrogatório

Interrogando Manuel Gómez Burns

Entrevistamos o magnífico desenhista peruano Manuel Gómez Burns. Conheça aqui a sua trajetória e alguns dos seus quadrinhos alucinantes!

 

  • Como, onde, quando e por quê?

Nasci em Lima, mas atualmente vivo em Arequipa (cidade no sul do Peru). Cursei a carreira de design gráfico mas sempre tive interesse em todo tipo de quadrinhos. Atualmente tenho um escritório de design com meu irmão, e paralelamente me dedico à ilustração e ao quadrinho, claro. Tenho comics e ilustrações publicados em revistas como Etiqueta Negra, Buensalvaje, Cometa (Peru); El Malpensante (Colômbia); Bostezo, La Cabeza, Finerats (Espanha); Stripburger (Eslovênia), entre outras. Além disso, uma seleção de desenhos dos meus sketchbooks apareceram no livro “Comics Sketcbooks” de Steven Heller.

 

  • Entre ilustrações e comics, o seu estilo parece ser bastante variado, ainda que possuindo uma forte identidade e algo de ‘retrô’. Qual foi a trajetória que o caracterizou?

Acho que foi uma trajetória algo longa. No meu caso, sempre me senti mais cômodo desenhando em estilo de cartoon, já que desde pequeno me chamavam a atenção os quadrinhos e desenhos animados desse tipo, e foi assim que aprendi a desenhar, copiando esse tipo de desenhos. Quando comecei a estudar design, adquiri um pouco mais de técnica, além de ter aprendido a fazer um traço mais realista, mas dediquei mais tempo ao desenho quando terminei o curo, no ano de 98. Em 2002 viajei aos Estados Unidos e pude ver de perto o que são os comics alternativos (que antes conhecia só pelo pouco que achava na web, em algumas revistas e catálogos da Fantagraphics), e isso certamente foi também uma influência bastante forte. Até esse momento eu desenhava – e tinha trabalhos publicados – mas variando entre estilos, que não tinham relação um com o outro. Isso se deve à minha formação como designer gráfico; ou seja, quando fiz o curso de ilustração, tudo se centrava em buscar um estilo que se encaixasse com os requerimentos de um cliente, não era tanto sobre encontrar uma identidade própria.

 

 

Isso foi uma mudança progressiva. Pouco a pouco fui “limpando a minha linha”: deixei de desenhar com hachuras e comecei a usar pincéis e tinta. Da influência dos comics underground e alternativo, voltei à influência dos comics clássicos. Em fins de 2006 comecei a experimentar, escaneando as texturas de alguns comics antigos e aplicando-as aos meus desenhos. Digo experimentar, já que o meu manejo com o Photoshop era bem mais básico, e tudo o que eu fazia era de maneira muito mais intuitiva. Anos mais tarde tive que me reatualizar nesse programa, já que surgiu a oportunidade de ensiná-lo em um instituto de desenho, então no aspecto técnico a minha forma de trabalhar já mudou bastante.

 

  • Que tipos de técnicas você utiliza para produzir? São manuais, digitais?

Em algumas raras ocasiões eu faço tudo digitalmente, mas em geral faço o desenho de linhas com pincéis, penas e tinta, e o digital entra na hora de colorir e aplicar as texturas. Além disso há coisas em que trabalho com acrílicas e têmperas, ou com canetinhas coloridas, que uso em sketchbooks, meio que para quebrar um pouco com isso de trabalhar digitalmente. Ademais, esse ano me meti em um curso de xilografia, coisa que eu adoro porque é totalmente diferente do que estou acostumado a fazer.

 

 

  • Conte um pouco sobre os quadrinhos e comics no Peru. Há alguma característica geral que possa definir a produção nacional?

Característica geral, na verdade não, mas muitas coisas mudaram nesses anos. Agora há diversos grupos que se juntam por interesses comuns e autogestionam as suas publicações. Eles já não estão mais só em Lima, mas também em outras cidades, e já há mais gente que sai um pouco da produção de comics tradicional para apresentar propostas um pouco mais pessoais.

 

  • Você acha que a sua produção esteja dirigida a um tipo específico de público?

A minha produção pessoal não está pensada para um tipo de público específico. Em geral faço coisas que eu gostaria de ver e ler.

 

  • Sobre os seus personagens de comics, que em geral são partes: caras, olhos, onomatopeias ambulantes. Como surgiu a ideia de criá-los? Qual é o seu tipo preferido de personagem?

A mistura de rostos foi resultado de alguns experimentos cubistas-abstratos após ver alguns desenhos de Gary Panter. Evoluiu de algo complexo até chegar ao que faço agora. A ideia das onomatopeias começou como um jogo: em 2008 ou 2009 eu estava rabiscando em um caderno; dentro desses rabiscos fiz umas onomatopeias às quais agreguei pernas e braços. Logo pensei que seria divertido fazer uma sequência, ainda que a primeira tira com esses personagens tenha saído só em 2010. Não tenho um tipo de personagem favorito, mas é divertido fazer as tiras das onomatopeias.

 

 

  • O que você mais gosta de ler? De onde, em geral, vêm as suas ideias para trabalhar, suas inspirações?

Além de ler quadrinhos, leio literatura. Minha ideias não surgem de leituras em particular, já que algumas coisas vêm de ideias visuais. As primeiras ideias que me vêm são anotadas para melhorá-las depois, jogando com as possibilidades, sempre imaginando como se veriam acabadas. Tudo isso pode me tomar algum tempo até que decido passá-las a limpo, como foi com as onomatopeias. O processo se acelera quando os trabalhos são encomendados, claro.

 

  • Quais são as suas principais influências e ídolos?

Saul Steinberg, Will Elder, Basil Wolverton, Chris Ware, Art Spiegelman, Charles Burns , Gary Panter, Seth, Atak (George Barber)…  É lista é grande, mas esses são alguns nomes que me vêm à mente.

 

  • Projetos futuros?

Acabar uma série de gravuras para uma mostra pessoal. E também me decidir a sentar e trabalhar em um quadrinho mais longo, já que tenho também essa vontade.

 

 

 

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Versión en Español

 

  • Entre ilustraciones y comics, tu estilo parece bastante variado, aunque con una fuerte identidad y algo de ‘retro’. Cual fue la trayectoria que determinó a tu estilo?

Creo que fue una trayectoria algo larga. En mi caso siempre he sentido más cómodo dibujando en un estilo “cartoony” ya que de niño me llamaron la atención los comics y dibujos animados de este tipo, y así es como aprendí a dibujar, copiando este tipo de dibujos. Cuando empecé a estudiar diseño adquirí un poco más de técnica, aparte que aprendí a dibujar un poco más realista, pero recién le dediqué más tiempo al dibujo cuando terminé la carrera en el año 98. En el 2002 viajé a Estados Unidos y estuve de cerca con lo que es el comic alternativo (que antes sólo conocía por lo poco que podía encontrar en la web, algunas revistas y los catálogos de Fantagraphics), y eso también fue una influencia bastante fuerte de hecho. Hasta ese momento dibujaba —y tenía trabajos publicados— pero cambiando estilos, que no tenían relación el uno con el otro. Esto se debe a mi formación de diseñador gráfico; o sea, cuando llevé el curso de ilustración todo se centraba a buscar un estilo que encajara con los requerimientos de un cliente, no era tanto de encontrar una identidad visual propia.

Esto fue un cambio progresivo. Poco a poco fui “limpiando mi línea”: dejé de dibujar con tramados y empecé usar pinceles y tinta. De la influencia del comic underground y alternativo, volví a las influencia del comic clásico. A fines del 2006 empecé a experimentar escaneando las texturas de algunos comics viejos que y aplicándolas a mis dibujos. Digo experimentar ya que mi manejo de Photoshop era más bien básico, todo lo que hacía era de manera muy intuitiva. Años más tarde tuve que reactualizarme en ese programa pues se me presentó la oportunidad de enseñarlo n un instituto de diseño, así que en el aspecto técnico mi forma de trabajar ha cambiado bastante.

 

  • ¿Qué tipo de técnicas son las que utilizas para producir? Son manuales, digitales?

En raras ocasiones hago todo digitalmente, pero por lo general el dibujo lineal lo trabajo con pinceles, plumas y tinta, lo digital recién entra a la hora de hacer el coloreado y aplicar las texturas. Aparte tengo cosas que trabajo con acrílicos y témperas, o con plumones de colores, que los trabajo en sketchbooks, como para romper un poco con eso de trabajar digitalmente. Además este año me metí a un taller de xilografía, cosa que me gusta mucho porque es totalmente diferente a lo que estoy acostumbrado a hacer.

 

  • Acerca de la historieta y/o comics en Perú. Hay alguna característica general que pueda definir la producción nacional?

Característica general, la verdad no, pero muchas cosas han cambiado en estos años. Ahora hay diversos colectivos que se agrupan por intereses comunes y autogestionan sus publicaciones. Estos ya no sólo se encuentran en Lima, sino en otras ciudades, y hay ya más gente que sale un poco de lo tradicional de hacer comics de género para presentar propuestas un poco más personales.

 

  • Crees que su producción esté dirigida a un tipo específico de público? Y este está mayormente en Perú o en otros países?

Mi producción personal no está pensada para un tipo de público específico. Por lo general hago cosas que me gustaría ver y leer.

 

Acerca de tus personajes de comics, que en general son partes: caras, ojos, onomatopeyas ambulantes. Como surgió la idea de crearlos? Cual es tu tipo preferido de personaje?

Lo de mezcla de rostros fue resultado de unos experimentos cubista-abstracto luego de ver de unos dibujos de Gary Panter.  Evolucionó de algo complejo hasta llegar a lo que hago ahora. Lo de las onomatopeyas empezó como un juego: en el 2008 o 2009, estaba garabateando un cuaderno; dentro de estos garabatos hice unas onomatopeyas a las que luego les agregué piernas y brazos. Luego pensé que sería divertido hacer una secuencia, aunque la primera tira con estos personajes recién la hice en el 2010. No tengo un personaje un tipo de personaje favorito pero es divertido hacer las tiras de las onomatopeyas.

 

  • Que es que más te gusta leer? De donde, en general, vienen tus ideas para trabajar, tus inspiraciones?

Aparte de leer comics, leo literatura. Mis ideas no surgen de lecturas en particular ya que algunas cosas surgen de ideas visuales. Las primeras ideas que se me vienen las anoto para mejorarlas, jugando con las posibilidades, siempre imaginando cómo se vería acabada. Todo esto puede tomarme algo de tiempo si hasta que finalmente me decido pasarla a limpio, como pasó con las onomatopeyas. El proceso se acelera cuando estos trabajos son encargos, claro.

 

  • Cuales son tus principales influencias e ídolos?

Saul Steinberg, Will Elder, Basil Wolverton, Chris Ware, Art Spiegelman, Charles Burns , Gary Panter, Seth, Atak (George Barber)…  la lista es larga pero son algunos nombres que se me vienen a la mente.

 

  • Proyectos futuros?

Acabar una serie de grabados para una muestra personal. Además decidirme a sentarme y trabajar en un comic largo, que ya me toca también.

Vinicius F. Barth
Doutor em Estudos Literários pela UFPR. Tradutor das Argonáuticas de Apolônio de Rodes. Escritor e ilustrador. Autor do livro de contos 'Razões do agir de um bicho humano', (Confraria do Vento, 2015) e do livro de poemas e ilustrações '92 Receitas Para o Mesmo Molho Vinagrete' (Contravento Editorial, 2019). Ilustrador de Pripyat (Contravento Editorial, 2019). Estudante de saxofone.

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