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Espaços expositivos – A arquitetura da negação

[vc_row][vc_column][vc_column_text]Katheriny Mendes, colunista convidada para Visuais este mês, reflete sobre a função do espaço expositivo e da “síndrome do cubo branco” em espaços de arte no Brasil.


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“As instituições de arte no Brasil, em sua imensa maioria, não refletem seu tempo, são ocupações em prédios tombados, projetados para atenderem outras funções.”

[/vc_column_text][vc_empty_space height=”52px”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Quando pensamos em espaços expositivos é conveniente pensarmos no material que está sendo exibido. O que talvez, por falta de hábito, nos é negligenciado é a reflexão sobre a atmosfera espacial do ato de expor. A arquitetura que recebe a arte, acolhe a arte? Esse artigo é um convite a pensar sobre as instituições de arte e sua extensão enquanto valor arquitetônico.

 

“Instituto é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade”.

 

International Council of Museums (ICOM, 2001).

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A respeito do espaço expositivo, no artigo Os museus de arte em seus anos de transformação, publicado pela Folha de São Paulo em 16 de Fevereiro de 1985, Walter Zanini, então diretor do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC-MUSP), faz um balanço das mudanças vividas pelos museu de arte do século XX e usa os termos “laboratório” e “ espaço operacional” parar referir-se a um espaço que, com uma abertura maior à interação do público e um relacionamento mais próximo com o artista, deixa de ser apenas um espaço expositivo. Em suas palavras: “Dirigir um museu de arte antiga é diferente de dirigir um museu de arte contemporânea, é preciso ter mais coragem para dar ao diálogo o espaço que ele merece.” Nas palavras de Zanini, para ter um espaço que projetasse a interação de fluxos que ele descreve: o artista, o público + a exposição e o diálogo, a arquitetura era fundamental. Um edifício pensado e projetado para tal cenário.

 

A primeira sede do MAC-USP, em 1973, foi projetada pelos arquitetos Jorge Wilheim e Paulo Mendes da Rocha. No programa de necessidades eles descreviam soluções estruturais para um programa universitário e público que funcionava como um “aglutinador de diferentes vontades”, artistas pesquisadores e instituições com um objetivo: criar um contexto de arte para o seu tempo. (GROSMANN,2010)

 

Em 2013 o MAC-USP inaugurou sua nova sede: um edifício de 1954 projetado pelo arquiteto Oscar Niemayer para ser uma repartição pública. Na adaptação de 3 mil metros quadrados para 30 mil metros quadrados descreve-se que o espaço não possuía a estabilidade atmosférica para o seu devido fim.[/vc_column_text][vc_gallery type=”image_grid” images=”6829″ img_size=”781×521″ onclick=””][vc_column_text]

Fonte: http://www.usp.br/imprensa/?p=32353

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Infelizmente, no Brasil, pouquíssimos espaços destinados à cultura são efetivamente projetados para tal. Muito mais comum é o Retrofit ou a adequação de edifícios em estado de patrimônio histórico. Conforme descrito por Walter Zanini, e citado por (FREIRE, Cristina, 2013), “nas questões culturais aqui no Brasil se fala em problema de verba (…) por exemplo: quantos edifícios de arte foram construídos para tal? O Museu Histórico é do séc XIX a Pinacoteca também é do séc XIX.”

 

O curador e Dr. em artes pela linha de crítica institucional, Felipe Prando, descreve como as instituições de arte na américa Latina sofrem a síndrome do “Cubo Branco”.

 

          “No Brasil não existe um meio de arte contemporânea, e sim contextos variados do que se pode chamar de meio de arte contemporânea. Por mais que se fale na precariedade das instituições de arte no sistema brasileiro, já há um nível de institucionalização; mas a precariedade acontece nos espaços. Uma casa muito bonita para morar vira um museu. E nem os Artistas nem a administração assumem essas características, que me parecem muito importantes, como as áreas de convivência e de permanência. Ignora-se a casa. Ignora-se o contexto e ela vira um cubo branco.”

(Entrevista ao prêmio PIPA, 2014).

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Imagem Externa Palacete dos Leões

Fonte: http://www.brde.com.br/noticia/destaquespalacetedosleoes/

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Imagem interna Palacete dos Leões durante exposição de Cinthia Frente

Fonte: http://www.brde.com.br/noticia/destaquespalacetedosleoes/

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As instituições de arte no Brasil, em sua imensa maioria, não refletem seu tempo, são ocupações em prédios tombados, projetados para atenderem outras funções. Edifícios neoclássicos, barrocos, que tentam sobreviver encapados por paredes de drywall que ignoram aberturas e nos distanciam da realidade. Pensando em Curitiba: Museu Alfredo Andersen, MAC, Palacete dos Leões, Solar do Barão. Todas apropriações de espaços que foram projetados para assumirem outras funções e que hoje se adaptam ou se esforçam para receber arte contemporânea.

 

Mas se essas adaptações são tão frágeis quanto um cenário efêmero para uma peça de teatro, só podemos almejar que o pensamento em relação à “instituição de arte” mude. Para que existam mais licitações de obras públicas destinadas à cultura e para que exista um olhar mais atento aos benefícios que um projeto arquitetônico, conceituado e pensado para receber a expressão artística, pode nos fornecer.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Katheriny Mendes
Bacharel em Gravura – Artes Plásticas pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, e em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), a profissional encontra na sincronia com as tendências contemporâneas a maneira perfeita de expressar em seus projetos os conceitos adquiridos durante a sua trajetória, o que garante soluções inteligentes nas diferentes escalas da arquitetura, desde o design mobiliário, até a concepção de projetos arquitetônicos. Instagram: @art_arqkatherinymendes

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