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Interrogando Denise Ferioli

[vc_row][vc_column][vc_column_text]Interrogamos a jovem Denise Ferioli, artista que intenta interferir com vibrações positivas dentro do dia a dia de quem cruza com suas obras. Ela participou da exposição Atos na Zuleika Bisacchi Galeria de Arte, em Curitiba.


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“A minha essência está justamente em transitar por ideias diversas, experimentar, expor o movimento interno inconstante que somos, buscar e evoluir a cada passo.”

[/vc_column_text][vc_empty_space height=”52px”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]♦ Como, onde, quando e por quê.

 

Eu busco incessantemente coisas que me mantenham fora da zona de conforto, porque significa que estou aprendendo. Desde criança gosto de desenho, de pintura, e isso, mais o fato de meu pai ser engenheiro civil, me levou a estudar arquitetura como base de graduação, pra depois seguir novos caminhos. Alguns anos atrás decidi morar na Itália para estudar e vivenciar uma nova cultura, achando assim meu tempo de dedicação à pintura. Lá, desenvolvi um estilo próprio no qual me baseei na missão ”quero pintar para interferir com alegria no dia-a-dia das pessoas”. Esse estilo se inspira na luminosidade das cores, pra trazer vibração positiva a quem contempla a obra, ou mesmo de relance, pela visão periférica, corriqueiramente antes de sair pro trabalho. Uma espécie de cromoterapia no intuito de melhorar a jornada diária.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]♦ Cara Denise, se alguma criança te perguntasse o que você faz da vida, o que você responderia? 

 

Faço arte, porque “a beleza salvara o mundo” (– Dostoievsky). Ele explana sobre a certeza da essência da verdade na arte, a exposição da nossa alma (do artista) baseada no irreal e original, o que “nos atraem para elas com uma força irresistível”. É de uma pureza única, absolutamente sem vínculos que comprometam atividades polêmicas. Diria para ela que, da arte, só se extrai o bem.

 

 

 O que é, para você, uma boa pintura. 

 

Aquela com a qual você se identifica. Aquela onde o conjunto de fatores estéticos e cromáticos se encaixam como se fosse uma chave destravando o tambor de uma fechadura, nos conceitos nos quais fomos construídos durante toda uma existência. Quanto a técnica, existem milhares de livros explicativos, mas se não te entorpecerem, não terá valor algum.

 

[/vc_column_text][vc_gallery type=”image_grid” images=”5574″ img_size=”full”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]

♦ Geométricas, faces, paisagens, nanquim, Dalí. Em meio a tantos diálogos diferentes, onde estaria a essência de Denise Ferioli? 

 

A minha essência está justamente em transitar por ideias diversas, experimentar, expor o movimento interno inconstante que somos, buscar e evoluir a cada passo. Esses diálogos diferentes foram apenas um lindo e árduo percurso para chegar a um conceito.

 

 

♦ Você tem ciúmes das peças vendidas? 

 

Tinha, no passado, quando elas desempenhavam um papel secundário, um importantíssimo feedback positivo em meio ao turbulento crescimento e formação de uma personalidade. Hoje me dá prazer saber que uma obra está desempenhando a função que deve dentro de uma galeria ou em um lar.[/vc_column_text][vc_gallery type=”image_grid” images=”5577″ img_size=”full”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]♦ Quem influencia diretamente o seu trabalho? 

 

Artistas que gostam de trabalhar com cores fortes, primárias e secundárias, como Miró, nosso artista brasileiro Eduardo Kobra, as estampas de Klimt, o surrealismo de Dalí, o pixel de Chuck Close, entre tantos outros estilos e artistas de estilos variados.

 

 

♦ Quem são as pessoas que você pinta? 

 

São obras comissionadas por pessoas próximas.

 

 

[/vc_column_text][vc_gallery type=”image_grid” images=”5587″ img_size=”full”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]♦ Disse Proust na primeira parte de Em busca do tempo perdido: “Quando eu estava em Florença, era como numa cidade miraculosamente embalsamada com uma corola; pois, que ela se chamava cidade dos lírios e sua catedral de Maria das Flores.” Fale sobre a sua vida em Florença; a cidade te espremeu com suas pesadas sombras cinzas, como fez com Rilke, ou se abriu em tons de violeta-vinho, como fez com Henry James? 

 

A vida em Florença foi de intenso aprendizado, em todos os sentidos. Na língua, na arte, nas vivências e cultura. Talvez eu tenha expressado, nas telas, a saudade da cor, do movimento e do rumor do Brasil.  Criei cores que faltavam na minha vida lá. O desabrochar do violeta vinho não foi suficiente. Elaborei um espelho da necessidade que identifiquei em mim e pintei para complementar esse mesmo fator nas pessoas.[/vc_column_text][vc_gallery type=”image_grid” images=”5582″ img_size=”full”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]♦ Qual obra de arte de outra pessoa você modificaria sem pestanejar? 

 

Kandinsky, gosto muito da história e teoria dele de quebra com o clássico mas não consigo absorver o caos de sua expressão. Talvez porque, em mim, a simetria é muito mais forte que a liberdade de expressão.

 

 

♦ Heróis, ídolos e pessoas que você inveja.

 

Eu admiro as pessoas que vivem bem no comodismo, na tranquilidade e na certeza do que virá amanhã. Daquelas pessoas “nascer, casar, ter filhos e morrer” e ser feliz assim. Eu sou diferente como tantas outras, não aquieto a mente. Não me canso de buscar. Não me canso de querer mais, de me superar a cada dia, de aprender todos os dias, ouvir cada vez mais alto a turbulência da mente. Mas não trocaria nada disso pela paz do comodismo.

 

 

[/vc_column_text][vc_gallery type=”image_grid” images=”5586″ img_size=”full”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]

 

 ♦ Você já conseguiu conhecer algo sobre si mesma, tal como o que profere o oráculo de Delfos? 

 

Muito. Quando eu imergi na rotina diária da arte, buscando me sensibilizar cada vez mais, para extrair o máximo que a percepção periférica do momento me oferecia e transpor na tela, conheci o meu limite. Saber dosar a sensibilidade entre o mundo real e o mundo interior como modo de expressão é fundamental para evitar qualquer tipo de exagero.[/vc_column_text][vc_gallery type=”image_grid” images=”5584″ img_size=”full”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]♦ Conte-nos sobre a sua relação com a Zuleika Bisacchi Galeria de Arte e sobre a sua participação na exposição coletiva Atos. 

 

Meu primeiro contato com a galeria aconteceu num timing perfeito, justamente quando meu período de experiência fora do país estava terminando. A oportunidade de expor em Curitiba me trouxe muita satisfação, por ser conhecida como uma cidade parceira da arte e abrigar tantos talentos. A mostra Atos foi uma conquista e um grande aprendizado, por dividir um espaço com outros talentosos artistas e conhecer mais pessoas com os mesmos interesses.

 

 

[/vc_column_text][vc_gallery type=”image_grid” images=”5580″ img_size=”full”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]♦ Fale aqui sobre o que você sempre quis falar, com toda a liberdade, ou responda aquilo que nunca te perguntaram. 

 

Gosto dos exemplos do Kandinsky que explicam a necessidade ser artista, como funciona esse sentimento fortíssimo dentro de nós, que nos chama a fazer o que fazemos, que nos impulsiona, quase que inconscientemente, a buscar todas essas ideias, organizar nossa paixão e colocar num modo de expressão compreensível e significativo para ambos, espectador e criador. Me identifiquei muito com seu modo de pensar, me deu um certo conforto em saber que muitas mentes funcionam como a minha.

“Por vezes sentia-me de tal forma invadido por uma mancha de azul perfumada e fortemente sonora na sombra de um arbusto, que era capaz de pintar toda uma paisagem apenas para fixar essa mancha (…) Simultaneamente senti dentro de mim tendências incompreensíveis, a necessidade de pintar um quadro. (…) porque amava as cores acima de todas as coisa.” – Kandinsky.

Resumindo, ser artista é inevitável.[/vc_column_text][vc_gallery type=”image_grid” images=”5581″ img_size=”full”][/vc_column][/vc_row]

Vinicius F. Barth
Doutor em Estudos Literários pela UFPR. Tradutor das Argonáuticas de Apolônio de Rodes. Escritor e ilustrador. Autor do livro de contos 'Razões do agir de um bicho humano', (Confraria do Vento, 2015) e do livro de poemas e ilustrações '92 Receitas Para o Mesmo Molho Vinagrete' (Contravento Editorial, 2019). Ilustrador de Pripyat (Contravento Editorial, 2019). Estudante de saxofone.

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