Quadrinhos, enfim! Pablo Carranza e Breno Ferreira são as caras que inauguram a chegada dos quadrinhos à R.Nott Magazine. Entre aqui e conheça esses dois mundos.
O entrelugar dos quadrinhos permanece. Mesmo que o seu status enquanto gênero venha mudando pouco a pouco, o leitor de quadrinhos ainda é alguém que ocupa um ambíguo lugar social. O visual e a narrativa dos quadrinhos se entrechocam em um estilo que está sempre entre o levado a sério e o banal, o adulto e o infantil, o cômico e o dramático. ‘Ler quadrinhos’, atividade que durante décadas parece ter sido considerada majoritariamente infanto-juvenil, não significa hoje mais ou menos que ‘ler livros’, ‘ver filmes’. A atividade em si só não se define enquanto gênero, estilo, gosto. Ler quadrinhos não está mais associado simplesmente a Homem-Aranha e Turma da Mônica. Há obras para quaisquer idades, e de fato quaisquer idades as leem. Há novos criadores. O movimento de abertura do mercado de quadrinhos que se deu de cerca de dez anos para cá, inclusive (e com notável força) no Brasil, impeliu novas mentes a tratarem essa mídia como um meio vibrante de criação. As velhas tirinhas de jornal renasceram no mural da rede social (que meio mais apropriado para a leitura desse gênero?) e se reinventaram. Velhos restos de sebo se tornaram clássicos cult, reavaliaram-se. No entanto, mesmo que assumindo o status de obra visual/literária e ganhando edições de luxo e capas duras, o entrelugar dos quadrinhos permanece, já que mais do que nunca se reproduz também no marginal, na edição independente, no zine malcriado de esgoto, na escatologia Crumbiana que não atravessa as paredes do puritanismo de boa família.
Eu, particularmente, torço para que continue assim (embora ir ao sebo hoje em dia saia muito mais caro), com cada vez mais cabeças criativas enfiadas nesse entremundo, nesse espaço de entrenádegas em que de um lado está o Superman com topete e cheiro de desodorante (e que todos seguimos amando) e do outro estão as orgias maconhadas de Fritz the Cat. Esses extremos e esse entrelugar, a meu ver, favorecem a criação, seja para o lado que for.
E é com certo orgulho que trazemos dois nomes espetaculares para esta coluna, no primeiro número da R.Nott a trazer quadrinhos na pauta. Conheça os trabalhos dos queridíssimos Pablo Carranza e Breno Ferreira, autores de dois mundos que valem a pena serem explorados; e não deixe de conferir também o Interrogatório com o autor peruano Manuel Gómez Burns!
Mais em:
https://www.maugostocorp.com.br/ – Pablo Carranza: “A MAU GOSTO CORPORATIONS, é uma mega corporação especializada em produtos de gosto duvidoso, para colecionadores e apreciadores da boa e velha cultura vintage, trash e artesanal. “
http://cabulososucogastrico.blogspot.com/ – Blog do cartunista Breno Araujo Ferreira