Literatura

Bob Kaufman: uma selva no jazz

imagem: Diana Church – No Café Trieste, North Beach, São Francisco (1975). Esquerda para direita: Allen Ginsberg, Harold Norse, Jack Hirschman, Michael McClure & Bob Kaufman

“foi parar na cadeia vez por outra, foi espancado vez por outra, enfrentou mais de um vício, certamente perdeu mais dentes até morrer em 1986. mas, se como querem alguns, poesia é risco, então valeu. eu espero mostrar isso com as traduções abaixo, quem sabe para divulgar um pouco mais essa poesia poderosa, de ritmos & transições imprevistos, para o leitor brasileiro..”

 

bob kaufman é, para mim, o mais selvagem dos poetas beats americanos, talvez ele tenha sido o criador do termo beatnik. negro nascido em 1925, em new orleans, sob o nome de robert garnell kaufman, ele chegou a servir na marinha & depois seguir para nova iorque, para estudar literatura. a partir daí,  viveu a experiência do jazz nos estados unidos (seu filho chamou-se parker), junto ao difícil processo de reivindicações da cultura negra. a sua poesia é, no fundo, essa fusão entre o jazz do período de ouro do bebop (suas explosões furiosas, improvisações de jams infinitas, recuos a ritmos e tempos de uma negritude que extrapola a arquitetura da música branca ocidental) & as demandas políticas inevitáveis para uma geração que vivia o início de uma luta por desrepressão, que muitas vezes encontrava no surrealismo sua expressão mais direta.

 

nessa trincheira, kaufman correu mais riscos na poesia & na vida: declamou de improviso inúmeros poemas que nunca chegaram ao papel, pelos bares de são francisco (onde morou a maior parte da vida). foi parar na cadeia vez por outra, foi espancado vez por outra, enfrentou mais de um vício, certamente perdeu mais dentes até morrer em 1986. mas, se como querem alguns, poesia é risco, então valeu. eu espero mostrar isso com as traduções abaixo, quem sabe para divulgar um pouco mais essa poesia poderosa, de ritmos & transições imprevistos, para o leitor brasileiro.

 

até onde sei, temos apenas publicações esparsas de seus poemas traduzidos no brasil, sempre pelas mãos de éclair antonio almeida filho, que apresentou traduções na zunái (http://www.revistazunai.com/traducoes/bob_kaufman.htm) e na coyote n. 20.

 

ps: meu mais sincero agradecimento à julia mendes, por ter me apresentado essa figura através da biografia escrita por mel clay, jazz — jail and god: an impressionistic biography of bob kaufman.

 

* * *

 

Believe, believe

Believe in this. Young apple seeds,
In blue skies, radiating young breast,
Not in blue-suited insects,
Infesting society’s garments.

Believe in the swinging sounds of jazz,
Tearing the night into intricate shreds,
Putting it back together again,
In cool logical patterns,
Not in the sick controllers,
Who created only the Bomb.

Let the voices of dead poets
Ring louder in your ears
Than the screechings mouthed
In mildewed editorials.
Listen to the music of centuries,
Rising above the mushroom time.

 

Acredite, acredite

Acredite nisto. Sementinhas de maçã,
No azul do céu, irradiando peito jovem,
Não em insetos de terno azul
Que infestam vestes da sociedade.

Acredite nos sons do balanço do jazz,
Rasgando a noite em tiras intrincadas
E novamente reunindo tudo
Em padrões lógicos bacanas,
Não nos controladores doentios
Que criaram apenas a Bomba.

Deixe as vozes dos poetas mortos
Tocarem alto em teus ouvidos
Mais do que os guinchos vozeados
Em editoriais mofados.
Escute a música dos séculos
Crescendo sobre o tempo em cogumelo.

 

THE NIGHT THAT LORCA COMES
SHALL BE A STRANGE NIGHT IN THE
SOUTH, IT SHALL BE THE TIME WHEN NEGROES LEAVE THE SOUTH FOREVER,
GREEN TRAINS SHALL ARRIVE
FROM RED PLANET MARS
CRACKLING BLUENESS SHALL SEND TOOTH-COVERED CARS FOR THEM
TO LEAVE IN, TO GO INTO
THE NORTH FOREVER, AND I SEE MY LITTLE GIRL MOTHER
AGAIN WITH HER CROSS THAT
IS NOT BURNING, HER SKIRTS
OF BLACK, OF ALL COLORS, HER AURA
OF FAMILIARITY. THE SOUTH SHALL WEEP
BITTER TEARS TO NO AVAIL,
THE NEGROES HAVE GONE
INTO CRACKLING BLUENESS.
CRISPUS ATTUCKS SHALL ARRIVE WITH THE BOSTON
COMMONS, TO TAKE ELISSI LANDI
NORTH, CRISPUS ATTUCKS SHALL
BE LAYING ON BOSTON COMMONS,
ELISSI LANDI SHALL FEEL ALIVE
AGAIN. I SHALL CALL HER NAME
AS SHE STEPS ON TO THE BOSTON
COMMONS, AND FLIES NORTH FOREVER,
LINCOLN SHALL BE THERE,
TO SEE THEM LEAVE THE
SOUTH FOREVER, ELISSI LANDI, SHE WILL BE
GREEN.
THE WHITE SOUTH SHALL GATHER AT
PRESERVATION HALL.

 

a noite que lorca chegar
vai ser uma noite estranha no
sul, vai ser o dia em que os negros vão deixar o sul pra sempre
trens verdes vão chegar
do rubro planeta marte,
uma azuleza crepitante vai mandar carros dentados pra eles
saírem por dentro, adentrarem
no norte pra sempre, e eu ver minha mãe garotinha
de novo com sua cruz sem
chamas, sua saia
preta, de todas as cores, sua aura
familiar, o sul vai chorar
em vão as lágrimas amargas,
os negros partiram
pra azuleza crepitante.
crispus attucks vai chegar com o povo
de boston pra levar elissi landi
pro norte, crispus attucks vai se
apoiar no povo de boston,
elissi landi vai se sentir viva
de novo. vou chama-la
enquanto ela anda entre o povo
de boston e voa pro norte pra sempre,
lincoln vai estar lá
para ver eles deixarem o
sul pra sempre, elissi landi, ela será
verde.
o sul branco vai se reunir no
hall de preservação.

 

Walking Parker Home

Sweet beats of jazz impaled on slivers of wind
Kansas Black Morning/ First Horn Eyes/
Historical sound pictures on New Bird wings
People shouts/ boy alto dreams/ Tomorrow’s
Gold belled pipe of stops and future Blues Times
Lurking Hawkins/ shadows of Lester/ realization
Bronze fingers—brain extensions seeking trapped sounds
Ghetto thoughts/ bandstand courage/ solo flight
Nerve-wracked suspicions of newer songs and doubts
New York alter city/ black tears/ secret disciples
Hammer horn pounding soul marks on unswinging gates
Culture gods/ mob sounds/ visions of spikes
Panic excursions to tribal Jazz wombs and transfusions
Heroin nights of birth/ and soaring/ over boppy new ground.
Smothered rage covering pyramids of notes spontaneously exploding
Cool revelations/ shrill hopes/ beauty speared into greedy ears
Birdland nights on bop mountains, windy saxophone revolutions.
Dayrooms of junk/ and melting walls and circling vultures/
Money cancer/ remembered pain/ terror flights/
Death and indestructible existence 

In that Jazz corner of life
Wrapped in a mist of sound
His legacy, our Jazz-tinted dawn
Wailing his triumphs of oddly begotten dreams
Inviting the nerveless to feel once more
That fierce dying of humans consumed
In raging fires of Love.

 

Levando Parker pra Casa

Doces toques de jazz empalado em lascas de vento
Manhã Negra do Kansas/ Primeiro Olhar de Chifre/
Históricas imagens sonoras nas asas do Novo Pássaro
O povo grita / garoto sonha em alto / a flauta dourada
Do Amanhã com paradas e futuros Tempos de Blues
Espreitando Hawkins / sombras do Lester / realização
Dedos de bronze — extensões neurais buscando sons presos
Ideias do gueto / coragem de coreto / voo solo
Suspeitas das mais novas dúvidas e músicas num ataque de nervos
Outracidade de Nova Iorque / lágrimas negras / discípulos secretos/
Chifre de martelo batendo marcas n’alma sobre portões sem ginga
Deuses da cultura / sons da turba / visões de estacas
Excursões pânicas aos úteros e transfusões tribais do Jazz
Noites de nascimento heroína / e planando / no novo chão do bop
Raiva esmagada cobrindo pirâmides de notas explodindo espontâneas
Revelações bacanas / esperanças estridentes / beleza espetada em ouvidos avaros
Noites na Terra do Pássaro em montes do bop, revoluções aurais no sax.
Quartos de lixo/ e muros derretendo e abutres ao redor/
Câncer da grana/ dor lembrada/ voos de terror/
Morte e existência indestrutível

Naquela esquina Jazz da vida
Envolto numa névoa de som,
Seu legado, nossa aurora cor-de-Jazz
Lamentando seus triunfos de sonhos gerados bizarros
Convidando o nunca pra sentir de novo
A morte feroz dos humanos consumidos
No fogo furioso do Amor.

 

All those ships that never sailed
The ones with their seacocks open
That were scuttled in their stalls…
Today I bring them back
Huge and transitory
And let them sail
Forever.

All those flowers that you never grew-
that you wanted to grow
The ones that were plowed under
ground in the mud-
Today I bring them back
And let you grow them
Forever.

All those wars and truces
Dancing down these years-
All in three flag swept days
Rejected meaning of God-

My body once covered with beauty
Is now a museum of betrayal.
This part remembered because of that one’s touch
This part remembered for that one’s kiss-
Today I bring it back
And let you live forever.

I breath a breathless I love you
And move you
Forever.

Remove the snake from Moses’ arm…
And someday the Jewish queen will dance
Down the street with the dogs
And make every Jew
Her lover.

 

Todas as naus que não singraram
Aquelas com válvulas abertas
Que foram naufragadas nas baias…
Hoje as trago de volta
Imensas, transitórias
Pra singrarem
Pra sempre.

Todas as flores que você não cultivou—
Que queria cultivar
Aquelas aradas sob
O solo na lama—
Hoje as trago de volta
Pra você cultivá-las
Pra sempre.

Todas as guerras e pazes
Dançando sobre os anos—
Em dias varridos de três bandeiras
Sentido renegado de Deus—

Meu corpo antes coberto de beleza
Agora é um museu de traição.
Esta parte lembrada graças ao toque de alguém
Esta parte lembrada pelo beijo de alguém
Hoje a trago de volta
Pra você viver pra sempre.

Respiro um irrespirável eu te amo
E te mexo
Pra sempre.

Tire a serpente do braço de Moisés
E um dia a rainha judia vai dançar
Rua abaixo junto aos cães
E fazer de todo judeu
Seu amante.

 

A Terror is More Certain…

A terror is more certain than all the rare desirable popular songs I know, than even now when all of my myths have become . . . , & walk around in black shiny galoshes & carry dirty laundry to & fro, & read great books & don’t know criminals intimately, & publish fat books of the month & have wifeys that are lousy in bed & never realize how bad my writing is because i am poor & symbolize myself.

A certain desirable is more terror to me than all that’s rare. How come they don’t give an academic award to all the movie stars that die? they’re still acting, ain’t they? even if they are dead, it should not be held against them, after all they still have the public on their side, how would you like to be a dead movie star & have people sitting on your grave?

A rare me is more certain than desirable, that’s all the terror, there are too many basketball players in this world & too much progress in the burial industry, lets have old fashioned funerals & stand around & forgive & borrow wet handkerchiefs, & sneak out for drinks & help load the guy into the wagon, & feel sad & make a date with the widow & believe we don’t see all of the people sinking into the subways going to basketball games & designing baby sitters at Madison Square Garden.

A certain me is desirable, what is so rare as air in a Poem, why can’t i write a foreign movie like all the other boys my age, I confess to all the crimes committed during the month of April, but not to save my own neck, which is adjustable, & telescopes into any size noose, I’m doing it to save Gertrude Stein’s reputation, who is secretly flying model airplanes for the underground railroad stern gang of oz, & is the favorite in all the bouts . . . not officially opened yet Holland tunnel is the one who writes untrue phone numbers.

A desirable poem is more rare than rare, & terror is certain, who wants to be a poet & work a twenty four hour shift, they never ask you first, who wants to listen to the radiator play string quartets all night. I want to be allowed not to be, suppose a man wants to swing on the kiddie swings, should people be allowed to stab him with queer looks & drag him off to bed & its no fun on top of a lady when her hair is full of shiny little machines & your ass reflected in that television screen, who wants to be a poet if you fuck on t.v. & all those cowboys watching.

 

Um Terror é Mais Certo…

Um terror é mais certo que todas as raras desejáveis canções populares que eu conheço, que mesmo agora quando todos meus mitos se tornaram . . ., & passeio com galochas pretas reluzentes & levo a roupa suja de lá pra cá & leio grandes livros & não sou íntimo de criminosos & publico os livros gordos do mês & tenho esposinhas preguiçosas na cama & nunca percebo o quanto minha escrita é ruim porque sou pobre & me simbolizo.

Um certo desejável é mais terror pra mim do que todo o raro. Como é que não dão um prêmio acadêmico a todos os astros do cinema que morrem? eles ainda atuam, não é? mesmo se estiverem mortos, isso não deve ir contra eles, afinal ainda têm o público ao seu lado, o que você acha de ser um astro do cinema morto & ver o povo sentado em tua cova?

Um eu raro é mais certo que desejável, é todo o terror, há muitos jogadores de basquete neste mundo & muito progresso na indústria funerária, vamos fazer uns funerais das antigas & ficar por ali & perdoar & emprestar uns lenços molhados & procurar bebidas & ajudar a botar o cara no vagão, & entristecer & marcar um encontro com a janela & acreditar que não vemos todo o povo afundando nos metrôs para os jogos de basquete & projetando babás no Madison Square Garden.

Um certo eu é desejável, o que é tão raro quanto o ar num Poema, por que que eu não consigo escrever um filme estrangeiro com toda a rapaziada da minha idade, confesso a todos os crimes cometidos no mês de abril, mas não pra salvar meu pescoço, que é ajustável, & telescópios em laços de qualquer tamanho, é para salvar a reputação da Gertrude Stein, que secretamente opera aeromodelos para a dura turma de oz da estrada de ferro subterrânea & é a favorita em todas as lutas. . . ainda não aberto oficialmente, é o túnel Holland quem escreve números de telefone falsos. 

Um poema desejável é mais raro que raro, & terror é certo, quem quer ser poeta & trabalhar num turno de vinte e quatro horas, eles nunca te perguntam antes quem quer escutar o radiador tocando quartetos de corda a noite inteira. Eu quero permissão de não ser, imagine um homem que quer gingar na ginga da garotada, será que o povo deve ter permissão de apunhalá-lo com ares bizarros & arrastá-lo pra cama, & não tem graça em cima duma dama quando o cabelo dela está cheio de maquininhas brilhantes & o teu rabo vem refletido na tela daquela televisão, quem quer ser poeta, se dá pra fuder na t.v., & todos aqueles caubóis assistindo.

 

O-Jazz-O War Memoir: Jazz, Don’t Listen to It at Your Own Risk

In the beginning, in the wet
Warm dark place,
Straining to break out, clawing at strange cables
Hearing her screams, laughing
Later we forgave ourselves, we didn’t know”
Some secret jazz
Shouted, wait, don’t go.
Impatient, we came running, innocent
Laughing blobs of blood & faith.
To this mother, father world
Where laughter seems out of place
So we learned to cry, pleased
They pronounce human.
The secret Jazz blew a sigh
Some familiar sound shouted wait
Some are evil, some will hate.
“Just Jazz, blowing its top again”
So we rushed & laughed.
As we pushed & grabbed
While jazz blew in the night
Suddenly they were too busy to hear a simple sound
They were busy shoving mud in men’s mouths,
Who were busy dying on the living ground
Busy earning medals, for killing children on deserted street corners
Occupying their fathers, raping their mothers, busy humans we
Busy burning Japanese in atomicolorcinemascope
With stereophonic screams,
What one hundred per cent red blooded savage, would waste precious time
Listening to jazz, with so many important things going on
But even the fittest murderers must rest
So they sat down in our blood soaked garments,
and listened to jazz
            lost, steeped in all our death dreams
They were shocked at the sound of life, long gone from our own
They were indignant at the whistling, thinking, singing, beating, swinging,
They wept for it, hugged, kissed it, loved it, joined it, we drank it,
Smoked it, ate with it, slept with it
They made our girls wear it for lovemaking
Instead of silly lace gowns,
Now in those terrible moments, when the dark memories come
The secret moments to which we admit no one
When guiltily we crawl back in time, reaching away from ourselves
They hear a familiar sound,
Jazz, scratching, digging, blueing, swinging jazz,
And listen,
And feel, & die.

 

O-Jazz-O Memória De Guerra: Jazz, Não Ouça Isso Por Conta Própria

No princípio, no lugar
Úmido quente escuro,
Lutando pra sair, agarrando estranhos cabos,
Ouvindo os gritos dela, rindo
Depois nos perdoamos, não sabíamos
Um jazz secreto
Berrou, espere, não vá.
Impacientes, voltamos correndo, inocentes
Rindo manchas de sangue & fé.
A esta mãe, mundo pai
Onde o riso parece deslocado
Então aprendemos o choro, aprazidos
Pronunciam humano.
O Jaz secreto suspirou
Um som familiar berrou espere
Uns são maus, uns vão odiar.
“Só Jazz soprando na pauleira”
Então corremos & gargalhamos
Empurramos & agarramos
Enquanto o jazz soprou na noite
Súbito estavam muito ocupados pra ouvir um som mais simples,
Ocupados por lançar lama na boca dos homens
Que se ocupavam em morrer na terra viva
Ocupados em ganhar medalhas por matar crianças em esquinas desertas
Tomando pais, estuprando mães, humanos ocupados nós
Ocupados em queimar japoneses em cinemacoratômico
Com gritos estereofônicos
Que selvagem cem por cento sangue rubro gastaria seu tempo precioso
Ouvindo jazz, com tanta coisa importante acontecendo
Mas mesmo os melhores matadores devem descansar
Então sentaram na nossa roupa ensanguentada
Então ouviram jazz
            perdido, imerso em nossos sonhos de morte
Se chocaram com o som da vida, partido há tanto tempo
Se indignaram de ver assobiar, pensar, cantar, tocar, gingar
E choraram, abraçaram, beijaram, amaram, grudaram na coisa, bebemos,
Fumamos, comemos, dormimos com a coisa
Fizeram nossas garotas vestirem essa coisa pra fazer amor
Em vez do vestido besta de renda,
Agora nos momentos terríveis quando chegam memórias negras
Os momentos secretos em que não admitimos ninguém
Quando culposamente voltamos no tempo arrastados, pra longe de nós mesmos,
Eles ouvem um som familiar,
Jazz que coça, cava, azula, ginga, jazz.
E escutam
E sentem & morrem.

Guilherme Gontijo Flores
Poeta, tradutor e professor no curso de Letras da UFPR.

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