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Tenho um grande prazer em ler o mundo, as coisas e pessoas que estão ao meu redor, os caminhos que faço diariamente e os que estou descobrindo. São sempre leituras muito enriquecedoras.”
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Em entrevista ao blog ArtArte, você diz que busca desvendar personagens que vão além do “quem, o que, quando, como, onde e por quê.” Por um interessante acaso, nossa primeira pergunta ao entrevistado é sempre “como, onde, quando e por quê.” Portanto, sinta-se à vontade para ultrapassar este princípio e conte-nos a sua história.
Oi, eu me chamo Ana Carolina, tenho 33 anos e sou uma curiosa. Gosto de meter o nariz onde não sou chamada, considero-me uma fuçadora profissional. Atualmente estou cursando o mestrado em Fine Arts – Intermedia na universidade Concordia, em Montreal. Sou formada em Cinema e Jornalismo e tenho uma especialização e Comunicação e Moda. Adoro ciência e tecnologia e experiências que envolvam “hackear” coisas. Ou seja, gosto mesmo é de não ficar parada.
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O que é transmedia? O que é new media?
Eu não sou a pessoa mais indicada para fazer definições de nomenclaturas ou termos, que sejam precisas, principalmente porque o termo transmedia ou transmídia, em português, é muito debatido em conferências e permite múltiplas possibilidades de interpretações, inclusive quando é utilizado pelas artes ou pela área de marketing, por exemplo.
Mas, para não me furtar à resposta, quando uso um termo ou outro para determinar o contexto em que realizo meus trabalhos, normalmente aplico os seguintes sentidos: transmídia é algo que já existe há muito tempo, é a combinação de diversas mídias para contar diferentes aspectos das histórias, são complementares (e não apenas replicar o mesmo conteúdo em outro meio, como uma “versão”). New media, ou novas mídias, por sua vez, é o termo que se refere à natureza da tecnologia das ferramentas, da fotografia analógica à internet, do vídeo a instalações interativas utilizando sensores. Na minha prática, new media art e transmedia dialogam, fundamentalmente, na ideia de não-linearidade e de participação ativa do público na construção de uma “conversa” com a obra.
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Qual é a história que você quer contar através do seu trabalho?
Conto histórias relacionadas ao espaço “íntimo” do sujeito, histórias que, apesar de versarem sobre um indivíduo, são comuns a todos os seres humanos. Tratam de percepções, de questões psicológicas, de universos que habitam o interior, e que, no fim das contas, todos os seres humanos, uma vez ou outra na vida, acabam se questionando: quem sou?, como me sinto em relação ao mundo?, qual é o meu lugar?, e por aí vai…
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Por que não se faz arte em Florianópolis? Podemos culpar as praias?
Acho que essa pergunta faz referência a uma outra pergunta que respondi para o blog ArtArte e eu devo esclarecer que não disse não se faz arte em Florianópolis – o meu comentário foi em relação ao espaço para a arte contemporânea. Digo isso porque a arte contemporânea implica em desestruturar-reestruturar os espaços e fronteiras da arte em si e da sociedade. Implica em provocar ao invés de agradar. Implica em incomodar, subverter as regras e tirar as pessoas da zona de conforto, do terreno das certezas, confrontando-as no seu íntimo. Cada um faz a arte que lhe apetece, não me cabe julgar. E as praias não são culpadas de nada.
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Fale sobre Unfinished Business. Este trabalho estará um dia terminado?
O Unfinished Business vai se encerrar sim, no tempo dele. Apesar de já ter sido apresentado em diferentes versões, ainda vai acontecer a exibição
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Você trabalhou com edição dentro da tv Globo? Fale disso.
Estava no departamento artístico internacional. Aprendi muito sobre o funcionamento do mercado audiovisual nacional e internacional voltado para produção, adaptação e circulação de narrativas ficcionais e não-ficcionais/jornalísticas.
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Seus trabalhos contêm muita carga autobiográfica? Ademais, você já encontrou um lugar para chamar de lar? Conte um pouco sobre esse projeto.
Os trabalhos que desenvolvo inevitavelmente versam sobre o momento que estou passando, têm aspectos autobiográficos muito presente. Contudo, apesar de íntimos, são “problemas” universais, muitas pessoas compartilham das situações que eu investigo, o que acaba promovendo um diálogo muito proveitoso, com a obra como interlocutora entre o público e as suas próprias questões.
O trabalho “À procura de um lugar para chamar de lar” trata da busca de um lugar no “mundo”, seja ele qual for (mundo físico, mental, emocional), e sobre encontrar-se. Foi resultado de uma residência artística realizada entre dezembro de 2015 e março de 2016, nas cidades de Quebec e Chicoutimi, no Canadá. Foi apresentado como uma instalação interativa e uma webplataforma.
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Você lê?
Não vivo sem livros por perto. Tenho pelo menos 4 leituras correndo em paralelo – um livro dentro de cada bolsa, no mínimo, além das leituras acadêmicas. Mas tenho um grande prazer em ler o mundo, as coisas e pessoas que estão ao meu redor, os caminhos que faço diariamente e os que estou descobrindo. São sempre leituras muito enriquecedoras.
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Por que o resto do mundo se interessa pelo seu trabalho e o brasileiro não?
Não faço a menor ideia.
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Que artista você inveja? Seja sincera.
Não invejo ninguém. Admiro muito John Cage e Jorge Luis Borges.
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Você acha que a fotografia “tradicional” já era? O que você definiria como fotografia tradicional, ou mainstream fotográfico?
Eu acredito menos na fotografia que apela para o registro do momento ou interpretação/síntese da realidade e mais na imagem que investiga e explora universos desconhecidos, que experimenta e que se relaciona outros campos da arte. Existe espaço para todos os tipos de fotografia seja jornalística/documental, retratos, paisagens… mas não fazem parte da minha prática artística.
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Fale aqui sobre o que você sempre quis falar, ou responda aquilo que nunca te perguntaram.
Q: Qual a maior mentira que você já disse a si mesma?
A: Eu vou começar a fazer exercícios físicos nessa semana.
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