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“Fato é que caminhávamos por ali, sem saber ao certo se de longe éramos um, se de perto éramos caminho. Fato que éramos ali.”
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Trivial é um livro de Bruno Rios, Narowe e Ricardo Reis desenvolvido durante a residência da Feira Plana, idealizada por Bia Bittencourt, em uma parceria com Cosac Naify, Meli-Melo Press e Ipsis Gráfica. Os três artistas mineiros imergiram na cidade de São Paulo e produziram todo o material da publicação num processo intenso de experimentação durante o período da residência.
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Trivial é consequência, rua vasta, 3 caminhos, encruzilhada, elo firme, breu.
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Coincidência, encontro, desobediência e arruaça. Os artistas que fizeram o que queriam, que não fizeram escondido. Me convidavam a evocar todo dia o que eu nem lembrava mais existir e me fizeram ver e estabelecer novas regras. Foi uma linha que permeou e amarrou meses de asfixia de processo criativo urgente e raro. Foi uma aventura compartilhada de uma eminente catástrofe que se transformou numa admiração e amizade, um nó na linha bem dado. Não são meninos, não foi sorte, não foi estudo, foi exato. Foi bebida e comida, medo e choro, banho e cama, acerto atrás de acerto e talvez algo que nunca caiba num maço de papel.
Bia Bittencourt
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Para mim, o Trivial nasceu no fundo do afeto e admiração mútua entre os trabalhos dos três. Depois, a gente pensou que o desenho, como linguagem, e a vontade de experimentação gráfica fosse um outro elo que desse margem à exploração livre de outros temas; de todo modo, a gente optou por um olhar atento ao entorno e, por isso, às coisas que a cidade guardava. Os nossos passeios, as derivas por picos que a gente não conhecia, nos permitia compreender com outro olhar toda essa cacofonia trivial. Como a cidade, de cara, se manifestava visível: um amálgama de mil tretas e mil trutas, palimpsesto meio infinito de rastros em cima de rastros de gestos de pessoas.
À parte disso, a superfície da cidade parecia um conjunto imenso, à primeira vista, de fragmentos esquecidos. O centro era sujo, desgastado, marcado, antigo; suas paredes pareciam haver sido impressas ao longo do tempo por tantos fatores, tantas pessoas diferentes, e a gente queria criar imagens pensando nisso. No livro, com exceção de alguns cadernos, sobretudo sobre o papel jornal e suas páginas adjacentes, essa noção do palimpsesto fica mais visível em virtude da entrada de elementos gráficos de coleta, que a gente pegou na cidade e colocou eles como eram, misturados com trabalhos em desenho e fotografia dos três. Essa salada misturada, de coisas sobrepostas, uma apagando a outra, que começa a aparecer a partir da metade do livro é o momento que a gente conseguiu pensar o nosso processo gráfico inflamados, eu acho, por essa superfície excessiva do centro.
É diferente do primeiro caderno impresso em bíblia, por exemplo, em que ocupamos com pequenos desenhos espalhados e espaçados na página. Fogueiras, casinhas, um prego, nuvens, e traços e rabiscos como um jogo leve de encontrar coisas no meio da névoa. Pensamos que era um espaço dedicado ao desenho ou, talvez, ao que havia de mais essencial no desenho.
Depois, Bird’s Lament. Eu acho que criar é difícil, mas criar juntos uma mesma coisa parece uma avalanche. Acelerando muito o passo antes do breu, eu acho que rolou um cansaço e tínhamos prazos. Um caldo de Moondog e Sabotage em um processo criativo que foi urgente desde o início. Deve ser assim, com pão, bom humor e vinho se anda o caminho. Muita gente não entende nada do livro. Eu acho que conseguimos criar as narrativas paralelas que a gente queria. Tudo é arte quando passeia sobre o papel limpo como a neve fria com pegadas negras o corvo inquieto, isso o meu pai escreveu depois de vê-lo.
Narowe
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Difícil falar de todo o processo de construção do livro, mesmo depois de um respiro e de um tempo para entender tudo que rolou em São Paulo. Ainda me pego abrindo o Trivial e me emocionando com a maneira como tudo foi conduzido por nós três durante a residência. Foi sincero demais!
Sei lá, é muito louco como a vida vai traçando esses caminhos e encontros por aí…sempre me assusto! Começamos a pensar em trabalhar juntos em um livro quase um ano antes da oportunidade se concretizar! Trocamos essa ideia de forma meio despretensiosa num encontro em São Paulo. E aí vai vendo… quase um ano depois rola de irmos justamente para SP onde a ideia germinou para tramparmos juntos!
Acho que o lance nasce mesmo de uma admiração pelos caminhos e trabalhos de cada um, pela amizade e pela proximidade nos rolês. Nós três temos um vínculo bem forte com o desenho, cada uma à sua maneira, e acho que isso foi um primeiro laço para cruzar os trabalhos de cada um.
A partir daí, a construção das narrativas e ritmos dentro do livro foram pensadas a medida que íamos desenvolvendo os conteúdos da publicação. O livro em sua maior parte é bem polifônico e denso. Acho que isso se deve inevitavelmente pelo fato de termos nos entregado intensamente nos rolês por uma cidade que traz tantas vozes, modos, gestos e caminhos diferentes.
Isso talvez seja a coisa que mais me agrade nele: como essa densidade e polifonia acabam contribuindo para que ele seja um trabalho aberto, que pode ser revisitado inúmeras vezes e as relações entre os desenhos, fotografias e colagens vão se modificando, se construindo. Isso na edição especial, que contém um série de anexos – cartazes, zines e outros impressos – fica mais claro ainda.
Não queria me delongar demais falando do livro em si, sempre acho difícil. Prefiro deixar aqui algo que escrevi quando enviamos o projeto para participar da residência e que hoje para mim ainda faz sentido:
“Fato é que caminhávamos por ali, sem saber ao certo se de longe éramos um, se de perto éramos caminho. Fato que éramos ali. Sem saber ao certo se os olhares que nos atravessavam pelas vidraças dos prédios na grande avenida nos mudavam a direção. Fato é que olhávamos ali, de pés juntos e mãos dadas, de tal força a atropelar o sentido das coisas”
Bruno Rios
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