As imagens que crio podem derivar de frases soltas de meus cadernos, referências capturadas do dia-a-dia, no jazz ou no rap.
Meus processos artísticos estão diretamente ligados aos ciclos e meios dos meus semelhantes. O que retrato hoje é sobre identidade, valorização, individualização e humanização.
Vivo no Grajaú, extremo sul de São Paulo e onde meu relacionamento com a arte começou. Tive experiências com o design gráfico e tatuagem, entretanto, eu precisava de mais. Ingressei na faculdade de artes visuais e foi onde me descobri na pintura e gravura.
Meu trabalho até aqui tenta utilizar materiais e suportes precários, onde proponho evidenciar a condição dos ambientes que vivo. São pinturas figurativas de pessoas negras, próximas a mim ou expoentes da história.
As imagens que crio podem derivar de frases soltas de meus cadernos, referências capturadas do dia-a-dia, no jazz ou no rap.
E com o que fora absorvido faço uma ponte com o improviso de usar
aquilo que tenho disponível para produzir, como misturar corantes em cola ou em massa corrida, esmalte sintético, lonas e papelões.
E a xilogravura, uma das primeiras técnicas que me interessei, tenho grandes
referências em artistas como Hansen Bahia, Victor Rebuffo, Elizabeth Catlett, entre outros. Todo processo que envolve a criação das xilogravuras é intenso e
emaranhado, e a produção é uma simplificação do que fora absorvido, portanto, são figuras duras e sintéticas. E muito da rigidez presente nas xilos mesclo com a minha pintura, crio contrastes e tensões entre o pictórico e o gráfico, e o texto como ferramenta.
___
Lucas Almeida é um artista visual brasileiro, integrante do overso_coletivo
.