R.You

A fotografia de Isabella Lanave

Inaugurando a coluna R.YOU!, destinada a novos nomes da produção artística, trouxemos a fotografia da jovem Isabella Lanave, apresentada por ela mesma. Não deixe de conhecê-la!

“Pra onde? Pra onde tenha vida. Pra onde ela possa voar pisando no chão. É, vai ver ela é do mundo.”

 

 

 

 

Tudo começou quando ela ainda era uma criança, com seus 11 anos, e ganhara uma daquelas Sony Cybershot 5MP paga em 10x no Supermercado Carrefour. Daí, veio, aos poucos, o descobrimento: Era possível registrar o mundo com aquele pequeno brinquedo de metal.

“A primavera chegara, com seus ares menos gélidos, com seus pássaros sobrevoando as cidades, com sua mudança de espírito. Porém, as pessoas, elas nada vem disso. Elas somente veem aquilo que se convencionou como importante, as instituições criadas pelas próprias pessoas para serem impostas sobre elas. E o mundo delas gira naquilo que se convencionou como importante”.

Tolstoi acerta em cheio com essa frase. É isso, “As folhas nem sempre estão verdes com os galhos floridos”, ela dizia. E ia atrás do que se mostrasse preto diante da primavera, ou mesmo do aroma adocicado que as margaridas lhe traziam. Percepções. Ela sabia que cada um tinha uma, e outra, e várias. Não importava. Ela sabia e corria atrás era para o despertar dos sentimentos.

Talvez ela ainda não conheça nem metade dos trabalhos de grandes fotógrafos, nem as técnicas de luz de Lee Jeffries ou Joey F., nem possua a câmera mais moderna do mercado. Mas ela não liga. E nem tem vergonha. Ela tenta, ela faz. Mete a cara e aprende, se necessário for.

Tentar citar influências se torna difícil diante do vasto universo que a compreende. O ar mais gelado, a novela que faz o povo chorar, a obra de Dali, a chegada do trem a estação e tudo o que está a sua volta reflete em seus movimentos na hora de posicionar a câmera.

Junto a isso, alguns mestres; desde os mais clássicos, Sebastião Salgado, Bresson e Capa a Flávio Damm, Paolo Pelegrini, Steve McCurry e outros mais inquietos como Martin Parr e Man Ray.

Ela ainda não sabe muito bem o que mais gosta. O poder da imagem em movimento mexe com a sua decisão em seguir firme apenas numa linha. E talvez ela nem precise decidir isso agora, hoje, com 19 anos. A ansiedade é grande e junto aparece a vontade de ir. Pra onde? Pra onde tenha vida. Pra onde ela possa voar pisando no chão. É, vai ver ela é do mundo.

Mas ao mesmo tempo não teria outra coisa que ela faria nesse momento. Ela sabe disso e está feliz em se sentir assim. Acredita nessa história de que tudo tem o seu tempo, assim como também sabe que esse “tudo” não caí do céu. É preciso correr, pular, nadar se for preciso. O curso de Jornalismo ainda está na metade, entretanto, as ideias e projetos gritam por liberdade de dentro de sua cabeça. Ela é cheia das coisas, não sabe dizer não ao pedido de ajuda de um amigo ou ao convite para auxiliar num evento, por exemplo. E com isso acaba deixando algumas ideias para depois. Mas, quando por um acaso do destino dá certo, fica feliz.

A última dessas foi uma viagem à Belém do Pará com 3 amigos fotógrafos com apenas um propósito: fotografar. Foram 8 dias intensos. Acordava antes do sol e se surpreendia pois a cidade já estava viva; dormia depois da lua quando o calor, finalmente, já se acalmara.

O carinho e a receptividade dos paraenses a encantou. Simplicidade e sensibilidade que exala por entre olhares e palavras. Sorrisos que encontram a lente da câmera, mesmo que sejam apenas com os olhos. Tapioca, tacacá, a Vó … , as meninas, todas elas, a fizeram deixar uma parte da menina por lá. E no fim, é isso que vale. As mais de 1000 fotos no cartão de memória são apenas consequência. Foto por foto não tem sentido, não tem valor.

E dessa maneira, indo, as coisas vão acontecendo. Em 2013 ela ganhou um prêmio na categoria “Ensaio Fotográfico Artístico”, em um congresso regional, com o ensaio “O Corpo Fala”, no qual retrata a mulher nua e crua em seu espaço. Fez também uma exposição no Bazar Itinerante em Jaraguá do Sul.

Como eu já disse, talvez seja realmente cedo, mas talvez o tarde nunca precise chegar. Que graça teria a vida se tivéssemos certeza de tudo? As vezes é melhor apenas seguir, caminhar, buscar e desejar. Se for o tudo, problema não há. Loucos são aqueles que acreditam poder mudar o mundo, já dizia Kerouac.

A fotografia para ela é isso. Uma maneira de contar histórias, viver pelo outro e para o outro. Encontrar a felicidade em simples atos. Ver a beleza onde ninguém vê. Denunciar desastres e situações erradas. Não existem segredos, e quando ela conseguir esquecer de todo o resto e apenas sentir, aí sim dirá ser uma Fotografa. Enquanto isso, ela se satisfaz sendo apenas mais uma registradora de momentos. 

R.You!
Ei, artista! Você mesmo! Estamos procurando gente nova! Esse espaço é destinado a divulgar o trabalho dos novos nomes das artes, seja em música, artes visuais, literatura, o que for. Se você tem uma produção para mostrar ao mundo e quer estrelar uma de nossas edições, entre em contato conosco em contato@rnottmagazine.com

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