Por aí

Baudelaire, Mallarmé, Heidegger e Adorno são os personagens principais de “Musica ficta (figuras de Wagner)”, do filósofo francês Philippe Lacoue-Labarthe, publicado pela Relicário

[vc_row][vc_column][vc_row_inner][vc_column_inner][vc_column_text]O segundo título da nova “Coleção Estéticas”, da Relicário Edições, é o livro Musica ficta (figuras de Wagner), do filósofo francês Philippe Lacoue-Labarthe, com tradução de Eduardo Jorge de Oliveira e Marcelo Jacques de Moraes, e prefácio de João Camillo Penna.[/vc_column_text][/vc_column_inner][/vc_row_inner][vc_column_text]“Como, se, e sob que condições uma ‘grande arte’ (ainda) é possível hoje?” Essa é a pergunta-chave formulada por Philippe Lacoue-Labarthe (1940-2007), em Musica ficta (figuras de Wagner). Sua pergunta tem como ponto de partida o programa wagneriano de “obra de arte total”, que almejava, através de suas composições operísticas, reencontrar na modernidade o espírito “religioso” e totalizante da tragédia antiga. Lacoue-Labarthe responde categoricamente à pergunta inicial: por razões ético-políticas – que não deixam de ser motivadas pelos eventos totalitários do século XX  – , a “grande arte” não deveria e não poderia existir hoje. Mas Lacoue-Labarthe não responde sozinho a essa questão. O livro é composto por quatro cenas, cujos protagonistas são dois poetas franceses, Baudelaire e Mallarmé, contemporâneos de Wagner, e dois filósofos alemães, Heidegger e Adorno, posteriores a Wagner. É com eles, com a complexa e ambivalente relação que cada um deles constrói com a música do mestre de Bayreuth, que Lacoue-Labarthe se insurge, de certa forma, contra ele – ou ao menos contra as “figuras” que sua obra serve, ou sacraliza.

 

Posto isso, é necessário dizer que Musica ficta também pode ser lido como uma série de ensaios relativamente autônomos sobre temas fundamentais das obras dos quatro contenciosos admiradores de Wagner. Como o faz, aliás, o próprio Lacoue-Labarthe, estes vão se valer do comentário sobre o músico para desdobrar algumas de suas próprias “questões”. Assim, temos, com Baudelaire, a dessacralização do lirismo; com Mallarmé, a dramatização do teatro do Livro; com Heidegger (e sua leitura de Nietzsche), a terminalidade da história da metafísica; e, com Adorno, enfim, a antinomia da arte.

 

Trecho do livro: “Quatro ‘cenas’ compõem este livro, todas elas feitas para Wagner, direta ou indiretamente: duas vêm de poetas franceses (Baudelaire, Mallarmé), as outras duas de filósofos alemães (Heidegger, Adorno). É, evidentemente, a música que está em questão, mas também o teatro, e até mesmo o mito; e toda uma pretensão, claramente ostentada em relação à poesia, de tornar novamente possível uma ‘grande arte’: um moderno equivalente da tragédia, isto é, de uma arte propriamente religiosa.  O desafio é, portanto, igualmente político.”[/vc_column_text][vc_single_image image=”4222″ img_size=”large” add_caption=”yes” alignment=”center”][vc_column_text]Sobre o autor:  Philippe Lacoue-Labarthe nasceu em 1940 e foi um importante filósofo francês que transitou entre as artes, a literatura e a psicanálise. Escreveu, dentre outros temas e autores, sobre Martin Heidegger, Jacques Derrida, Jacques Lacan, o romantismo alemão, Paul Celan, Mallarmé e a desconstrução. No outono de 1967, começou a ensinar filosofia e estética na Universidade de Strasbourg, onde encontrou seu grande amigo e companheiro intelectual Jean-Luc Nancy, com quem escreveu livros, organizou cursos, conferências e congressos, além de ter fundado, em 1980, o “Centro da pesquisa filosófica sobre o político”, por sugestão de Jacques Derrida. Ele também dirigiu encenações teatrais e realizou as traduções sofocleo-hölderlinianas Antígona (1978 e 1979) e Édipo, o tirano (1998). Philippe Lacoue-Labarthe faleceu em 2007, em Paris.

 

Coleção Estéticas: A “Coleção Estéticas”, da Relicário Edições, foi criada para contemplar a  publicação de traduções de livros de Estética/Filosofia da arte e áreas afins, de modo a suprir a carência de textos de referência de autores estrangeiros em língua portuguesa. “Serenidade, presença e poesia”, de Hans Ulrich Gumbrecht é o primeiro livro da coleção, seguido por “Musica Ficta”, do filósofo francês Philippe Lacoue-Labarthe.

 

 

Ficha técnica:

 

Musica Ficta (figuras de Wagner)
Autor: Philippe Lacoue-Labarthe
Tradução: Eduardo Jorge de Oliveira e Marcelo Jacques de Moraes
Prefácio de João Camillo Penna
260p.| 2016 | 14 x 21 cm
ISBN: 978-85-66786-43-9
R$ 40,00[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Vinicius F. Barth
Doutor em Estudos Literários pela UFPR. Tradutor das Argonáuticas de Apolônio de Rodes. Escritor e ilustrador. Autor do livro de contos 'Razões do agir de um bicho humano', (Confraria do Vento, 2015) e do livro de poemas e ilustrações '92 Receitas Para o Mesmo Molho Vinagrete' (Contravento Editorial, 2019). Ilustrador de Pripyat (Contravento Editorial, 2019). Estudante de saxofone.

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