InterrogatórioPor aí

Interrogando Stéphanie Ledoux

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“Eu acho que quando você viaja para áreas remotas e quer descobrir profundamente uma cultura muito diferente da sua, sempre há um momento em que você se sente desconfortável, fora do lugar, um tipo de voyeur, sentindo medo de perturbar as pessoas.”

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  • Como, onde, quando e por quê?

 

          Eu comecei a desenhar muito nova (no jardim de infância), mas quando chegou a hora de decidir a carreira a seguir, meus pais não apreciavam o campo das artes, então estudei biologia. Depois de quatro anos nesse campo, finalmente me entediei de nunca ter tempo para viajar e desenhar, então decidi largar o meu trabalho para viajar pelo mundo com meu caderno e a caixa de aquarelas! A decisão foi das mais difíceis, mas foi a melhor que já tomei.

 

  • Como você descreveria a sua relação com o sujeito retratado?

 

          Eu acho que quando você viaja para áreas remotas e quer descobrir profundamente uma cultura muito diferente da sua, sempre há um momento em que você se sente desconfortável, fora do lugar, um tipo de voyeur, sentindo medo de perturbar as pessoas.

 

          Eu uso o desenho como um pretexto para ficar lá por algum tempo, e aos poucos isso ajuda as pessoas a se sentirem mais tranquilas e confiantes. Eles se acostumam com a sua presença e deixam de ser tímidos. Os mais curiosos vêm para ver o que você está fazendo. Começam a interagir, comentar o desenho ou rir dele, e te perguntam coisas. Eu gosto desse momento em que se quebra o gelo!

 

          Na maioria da vezes eu passo muito pouco tempo com meus modelos, mas acontece de mantermos contato pela internet, quando a área é conectadas. Para mim é muito engraçado descobrir suas vidas fora contexto em que eu as desenhei, olhando seu Facebook! Alguns deles viraram meus amigos e é sempre ótimo vê-los depois de alguns anos.

 

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  • Você se vê fazendo algo muito diferente da fotografia documental? Conte-nos um pouco sobre as diferenças que você percebe entre essas abordagens.

 

          Na verdade eu faço ambas as coisas. Eu gosto de documentar culturas como uma etnologista com a fotografia. Não exibo muito essa parte do meu trabalho. Geralmente uso como referência para o meu trabalho no estúdio.

 

          Mas na minha pintura eu tento ser mais subjetiva, focando-me mais no lado estético. Gosto de incluir, ao redor do retrato, alguns elementos do contexto como padrões, pedaços de paisagens. Gosto de sintetizar uma parte da viagem em apenas uma imagem composta. Gosto também de integrar alguns materiais coletados no país, como papel escrito, pedaços de tecido, moedas, conchas, folhas já douradas, pom poms… 

  

  • Como as pessoas reagem à sua visita? Além disso, como elas reagem aos retratos?

 

          Quase sempre de uma maneira bastante positiva. São tímidos no início, já que sou uma estrangeira e não tenho nada pra fazer lá. Depois são curiosos, e, quando mostro os desenhos, alguns são hilários, outros bastante orgulhosos, mostrando-os para todo mundo… É divertido na maior parte do tempo.

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  • Você tem um lugar predileto, ou sentiu uma conexão mais profunda em algum lugar?

 

          Eu amo Myanmar por causa do budismo, que influencia profundamente as mentalidades e comportamentos.

 

          O sorriso das pessoas é radiante e em todo lugar você pode sentir respeito e empatia, e amor vindo do coração.

 

  • Houve alguma ocasião em que algo incomum ou surpreendente aconteceu durante a visita e a produção do retrato?

 

          Sim, uma vez, numa área muito rural da Etiópia, um local católico, eu desenhei uma menina que estava TÃO surpresa em descobrir o próprio rosto no papel que acabou jogando fora o meu caderno; ela estava com medo que eu fosse uma bruxa! Por sorte os mais velhos não pensavam desse jeito, e explicaram tudo a ela.

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  • Houve alguém que não gostou do próprio retrato?

 

          Às vezes isso acontece sim. Dependendo do país as pessoas são muito polidas para dizer. Outras vezes há quem diga na cara “Oh, sou realmente tão feio?”

 

          Eu gosto quando são honestos, isso não me desaponta.

 

          Geralmente as senhoras não suportam ver as suas rugas. Eu amo rostos idosos precisamente por causa dessas rugas, mas elas só dizem “minha pele é muito velha e feia”.

 

          É difícil fazê-las entender o quanto eu as acho lindas!

 

 

  • Você vende os retratos? Se sim, como se sente com relação a isso?

 

          Eu não vendo os retratos que fiz no campo. Meu caderno é muito precioso para mim, já que é cheio de memórias da minha viagem e das belas pessoas que conheci! Mas vendo algumas pinturas maiores que faço depois, no meu estúdio. Encaro isso como um modo de ganhar a vida, e isso me permite financiar a próxima viagem. Então eu acho que faço isso com toda a fome que tenho de descobrir mais sobre a beleza do mundo, e de compartilhá-la.

 

  • Influências, heróis?

 

          Na França temos muitos pintores talentosos fazendo “carnet de voyage”, ou seja, diários de viagem ilustrados. Eu amo os trabalhos de Benjamin Flao, Nicolas Jolivot, Reno Marca…

 

          Também amo o trabalho de alguns fotógrafos viajantes como Steve McCurry, é claro, Reza…

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  • Quais são seus projetos futuros?

 

          Atualmente estou trabalhando no meu terceiro livro, a ser lançado em outubro de 2016. Um grande projeto que reúne meus últimos dez anos de viagem!

 

          E estou planejando uma viagem para a Colômbia nas próximas semanas.

 

  • Existe algo que você sempre quis responder e nunca te perguntaram? =)

 

          Estou atrasada para te enviar isso, então é melhor eu me apressar e mandar de uma vez 😉

 

          Obrigada!

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Vinicius F. Barth
Doutor em Estudos Literários pela UFPR. Tradutor das Argonáuticas de Apolônio de Rodes. Escritor e ilustrador. Autor do livro de contos 'Razões do agir de um bicho humano', (Confraria do Vento, 2015) e do livro de poemas e ilustrações '92 Receitas Para o Mesmo Molho Vinagrete' (Contravento Editorial, 2019). Ilustrador de Pripyat (Contravento Editorial, 2019). Estudante de saxofone.

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