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InterrogatórioPor aí

Interrogando Oleg Denysenko

[vc_row][vc_column][vc_empty_space height=”52px”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]

“Nos trabalhos passou a aparecer uma situação especial, que eu tanto desejava. As chapas passaram a respirar através da pátina dos séculos. Devagar, separei para mim o simbolismo preferido, e que aparece em todas minhas obras.”

[/vc_column_text][vc_empty_space height=”52px”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Como, onde, quando e por quê.

 

A minha história de vida é muito simples e de certo modo típica. Tudo começou na infância. Minha paixão em tornar-me arqueólogo levou-me a museus, bibliotecas, escavações. Eu gostava muito e aprecio até hoje filmes históricos, bem como amava folhear Enciclopédias, onde encontrava gravuras antigas que, literalmente, encantavam-me pelos temas e execução artesanal. Este foi o início e também as primeiras fontes de inspiração. Além disso, eu sempre colecionava diversos objetos, até hoje tenho uma coleção de moedas, bem como de alguns artefatos antigos.

 

Por que você faz o que faz? De onde veio esse tipo de trabalho?

 

Isso nos leva ao passado remoto, estimulado a estudar História, sobretudo a História das Artes. Depois veio o estudo na Academia Ucraniana de Grafismo, na minha cidade natal Lviv, que é uma cidade antiga e fonte inesgotável de inspiração. Vivendo aqui, é impossível não ser criativo.

 

Algumas peças, como ‘Olbia’ e ‘Large glass of wine’ (grande taça de vinho) são quase abstratas, mas podemos ver, mesmo em seus personagens, alguns elementos recorrentes, como luas, chaves e escadas. Eles nos lembram também de Xul Solar, pintor modernista argentino. Você pode nos contar um pouco mais sobre os seus símbolos?

 

Atraía-me sobretudo o grafismo clássico monocromático. Estudei com afinco a técnica da água-forte. Porém nada existe sem uma composição convincente. A linguagem gráfica é a linguagem dos sinais e símbolos. É a base da arte desde os tempos remotos. Cada vez mais, passei a introduzir nas composições diversos sinais e símbolos. Eles enriqueciam os temas e acrescentavam às obras um sentido próprio e enigmático. Nos trabalhos passou a aparecer uma situação especial, que eu tanto desejava. As chapas passaram a respirar através da pátina dos séculos. Devagar, separei para mim o simbolismo preferido, e que aparece em todas minhas obras.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Você tem uma relação íntima com mitos, religião e literatura. O que você costuma ler, seja para o trabalho ou por diversão?

 

Gosto muito da literatura informativa. Livros sobre lendas e mitos populares, símbolos e simbolismo, literatura histórica, álbuns arqueológicos. Tudo isso me atrai e impulsiona à atividade criadora. Também aprecio ouvir música, tanto antiga, quanto atual, principalmente a de boa qualidade artística. Porém a minha preferência é o jazz.

 

Qual é o seu processo de composição? Todos os seus trabalhos são altamente detalhados, então, como você constrói a sua cena? Toma decisões ao longo do caminho ou pensa em tudo com antecedência?

 

Voltando ao assunto das artes plásticas, minhas composições gráficas, eu reflito minuciosamente, faço esboços, procuro a variante mais convincente, e somente então começo a trabalhar. É assim que acontece com a gravura.  Entretanto, quando trabalho com a pintura, tudo acontece de modo diferente, o formato, as cores e tintas levam-me pela própria corrente. Muitas vezes, começando uma pintura, eu não sei qual será o resultado final por ser total improvisação, total emoção, expressão e experiência. O processo de criação de esculturas realiza-se de modo similar das pinturas. Eu faço a moldagem diretamente em cera, sem nenhum esboço ou material preparatório. Esta atividade é um verdadeiro encantamento. Eu gosto de moldar desde os cinco anos. Esta é a minha meditação, meu Nirvana.

 

Tenho um apart-estúdio no centro da minha cidade. É para mim um lugar sagrado, gosto de desenvolver lá a minha atividade criadora, e também, encontrar-me às vezes com os meus amigos próximos, uma taça de bom vinho, acompanhado de música predileta.[/vc_column_text][vc_single_image image=”3762″ img_size=”large” add_caption=”yes” alignment=”center” onclick=”link_image”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Conte-nos sobre o processo de composição dos levkas.

 

Algumas palavras sobre os levkas. Em grego isso significa branco[1]. É um tipo especial de base com que eu faço o relevo sobre taboa. A tradição da técnica de levkas já era executada na antiguidade, como em retratos mortuários, bem como pinturas de ícones. Em cima do levkas seco, eu trabalho sobretudo com tintas transparentes, colocando uma acima da outra, progressivamente. Assim cria-se um estrato que brilha, uma abaixo da outra. Além disso esta técnica permite fazer relevos diversificados, cópias, e fazer gravuras. O levkas possui tudo isto, pois absorveu os traços da pintura, grafismo e escultura, sendo o único gênero de síntese das artes plásticas.

 

[1] Em grego: λευκός. (n. e.)

 

O seu trabalho é, em alguma medida, ucraniano?

 

Com meus trabalhos, aparecem muitas vezes situações paradoxais. Na Ucrânia consideram-me como pintor ocidental, enquanto no ocidente europeu, veem em minhas obras muito “ucrainismo”. Meu objetivo nunca foi propagar algo. A arte para mim é próxima, diversificada e que não possui fronteiras. Eu cresci sob influência da arte clássica. Este é o fundamento. Pode-se compará-lo com o tronco de uma árvore que possui raízes muito fortes, e todas correntes atuais são galhos dessa vigorosa árvore.

 

Quais são as suas maiores influências e heróis?

 

Eu sou adepto da arte de qualidade que já passou pela prova do tempo. Se bem que gosto muito e entusiasmo-me com a interessante arte contemporânea. Fico emocionado com as obras de Dürer e Rembrandt, Picasso, Tobke, bem como de muitos artistas plásticos atuais. Procuro relacionar-me com o que acontece ao redor, na medida que é possível.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Quais são os seus projetos futuros?

 

Tenho muitos projetos, porém prefiro não falar sobre os planos, mas sim mostrar as obras já prontas em exposições. Creio que a mais alta avaliação do artista é a visita às suas exposições individuais.

 

Existe algo que você sempre quis responder e nunca te perguntaram? =)

 

O mundo pertence aos otimistas. Esta é a verdade. Na vida pode-se alcançar muito, mas somente apoiando-se em algo forte e naquilo em não podem te tomar, ou seja, o conhecimento e o amor.[/vc_column_text][vc_single_image image=”3769″ img_size=”large” add_caption=”yes” alignment=”center” onclick=”link_image”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Tradução do ucraniano: Oksana Boruszenko

 

Site Oficial: http://olden.com.ua/[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Vinicius F. Barth
Doutor em Estudos Literários pela UFPR. Tradutor das Argonáuticas de Apolônio de Rodes. Escritor e ilustrador. Autor do livro de contos 'Razões do agir de um bicho humano', (Confraria do Vento, 2015) e do livro de poemas e ilustrações '92 Receitas Para o Mesmo Molho Vinagrete' (Contravento Editorial, 2019). Ilustrador de Pripyat (Contravento Editorial, 2019). Estudante de saxofone.

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